quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

you've got mail

ei, eu tenho um e-mail escrito para você salvo na minha caixa de rascunhos. um e-mail longo, do tipo que eu adoro escrever, dizendo tudo o que eu gostaria que você soubesse, desenhando grande parte do que passa pela minha cabeça, do factual às viagens mais deliciosas e assustadoras. um e-mail sem joguinhos e sem vergonha do ridículo. mas nunca mandei, porque: _____________. é, espaço em branco. sei lá porque. talvez porque ele daria um fim súbito a uma ilusão que eu não estou preparado para perder. é, faz sentido. mas, na verdade, a gente nunca está preparado, né? então a lógica se perde. ok, concordo, já tive esse papo comigo mesmo mais de uma vez. sou ótimo em overanalisar as coisas. me chama de idiota, de menininha de 15 anos, pode chamar. diz que eu sou é bobo por ficar nessa tortura poetizada por causa de algo que pesou tão pouco para o universo, para todos os outros, para você. mas tem coisa que não se evita: bala que a gente deixa atravessar a pele e que, depois de tocar a primeira camada, não para mais, vai até o fundo. até sair pelo outro lado. ou fica lá, escondida, perigando te matar, até te abrirem numa mesa de cirugia para arrancá-la e devolver a vida, agora marcada pelo sempre, num dia vazio. ando mais e mais impulsivo a cada dia; um jeito um tanto drástico de me virar com as mudanças inevitáveis e com o enjoo de ser o mesmo eu por tanto tempo. então, vou a extremos. e escrevo e-mails impublicáveis que esperam a primeira madrugada insone para chegarem ao destino.