segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

definitivamente

parou e ficou pensando em como se pode falar em paixão sendo o inocente alvo dela alguém nunca visto em pessoa, sem toque, sem cheiro, sem brilho dos olhos. alguém em cujos olhos nunca havia olhado como se deve antes dessas coisas. tentou inventar uma lógica para o frio na barriga que via surgir frente àquela ilusão romantizada de filme, quase barata, frente ao sorriso que se abria numa deliciosa desavergonhança quando ouvia aquele nome, frente ao futuro desenhado com carinho em cada minuto dos dias estufados com a tal pretensão do amor com o quase desconhecido. depositava nele a expectativa do futuro bom. e só pedia que o sentimento recíproco fosse espontâneo, simultâneo, perfeito. parou, pensou e viu que o nome de tudo isso poderia ser carência, burrice, ingenuidade, muita coisa. só não amor. não, definitivamente, não podia ser amor.