terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pois há que se dizer

eu vivo em uma fantasia. em um mundo de extremos, de certos e errados, onde o errado sempre parece mais gostoso e o caminho difícil é sempre o escolhido, pois dá mais pano para manga. vivo em mundo onde toda emoção é boa sendo à flor da pele, um mundo de cinema, com diálogos repletos de frases de efeito, closes nas linhas marcadas do rosto e destaque aos olhos úmidos, devidamente vidrados nos dos outro. um mundo de teatro, quem sabe?, por vezes monólogo, por vezes encenação perfeita da mais perversa "a vida como ela é", com tapas na cara, verdades ou mentiras censuradas, sem qualquer pudor. vivo em uma música, que por três minutos e meio faz todos cantarem em uníssono a felicidade absurda ou a tristeza quase-fundo-do-poço, com pouco espaço para meio termo. vivo em uma novela, cujos personagens revelam novas cores e novos pecados, cometidos com total consciência, dia após dia. também em um seriado de cenários perfeitos e romances súbitos e complicados, ideais para prender a atenção dos espectadores. vivo em um livro escrito pelo mais cético dos românticos, que ama dar o braço a torcer, pelo mais sujo dos criminosos, e que começa com o "era uma vez" mais inocente já colocado no papel.

eu vivo em uma fantasia, sim. uma fantasia absolutamente necessária e deliciosa enquanto daydream. o problema é a vida real ser esse despertador insistente, que não pára de soar por um instante sequer.