segunda-feira, 14 de julho de 2008

letargia

é se forçar a muita coisa há muito tempo, como a escrever, mas escrevendo eu me censuro, porque revelar assusta. também, desenvolver ideias é tortuoso demais, dá sede, dói os músculos.
o sono, já, é seguro e simples, leve e cansativo, constante e letárgico.
de repente você se procura e se encontra na redoma de um estado puro, em que o que não é físico pára de enxergar, com o mesmo gosto, o mesmo cheiro, a mesma miopia que te contêm.
de repente você pára de enxergar o próprio corpo, o próprio vulto, treme, de frio, fraqueza, anemia. sente a doença dentro de si. o morango mofado, a epifania falecida, a ânsia.
a ideia revolucionária ao alcance das mãos.
é na falta de satisfação que mora a bruxa mais feia e malvada do mundo: a folha, o dia, o horizonte em branco. o bicho fétido que mora do lado de dentro, o bicho sem cor, viciado, tímido e letal. a repetição infindável, na redoma do estado puro, a repetição, três vezes.

em branco.

em branco.

em branco.